quinta-feira, 7 de julho de 2016

Trabalho final- LUDICIDADE E EDUCAÇÃO

Trabalho final- LUDICIDADE E EDUCAÇÃO 


A educação infantil em sua especificidade, e respeitando a trajetória de desenvolvimento das crianças, tem como objetivo que todos os indivíduos dependem de um conjunto de competências básicas sobre as quais se sustenta a possibilidade de desenvolvimento das demais competências.
Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, a criança também se apropria do repertório da cultura corporal na qual está inserida. Nessa área do conhecimento, a Motricidade ampla e Motricidade fina são fundamentais.
[...] para a criança brincar e exercitar sua capacidade de compreensão e produção de conhecimento, é essencial que haja um espaço de sala de aula organizado visando a esse objetivo (HORN, 2004, p.20).
Nessa etapa da educação, o brincar é uma das formas de expressão da infância mais importantes, sendo fonte rica de prazer e aprendizagem para as crianças e para o professor. Com o brincar, a criança conhece e explora as manifestações culturais, expressa emoções e pensamentos, demonstrando respeito e aprendendo a valorizar o que é diverso.
Tendo como aporte o Referencial Curricular Nacional (RCN), organizado pelo Ministério da Educação e do Desporto:

·         Respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, etc.
·         Direito das crianças em brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil.
·         Acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, aos afetos, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética.

Assim como o brincar, o faz de conta amplia as oportunidades de expressão e criação, que vão constituindo as crianças como sujeitos. Nos momentos de jogos e brincadeiras, a criança se apropria da realidade, criando um espaço de aprendizagem em que expressa de modo simbólico suas fantasias, desejos, medos, conflitos, sentimentos, sexualidade e agressividade, produzindo e possibilitando diferentes leituras sobre si e sobre o mundo.
A entrada da criança no mundo do faz de conta marca uma nova fase de sua capacidade de lidar com a realidade. O pensamento da criança evolui a partir de suas ações, razão pela qual as atividades são tão importantes para o desenvolvimento do pensamento infantil. Quando utilizam a linguagem do faz de conta, as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenharem vários papéis sociais ou personagens.
Nesse processo dinâmico de formação, os jogos e brincadeiras em grupos possibilitam a construção e o respeito às regras, bem como a coordenação de diferentes pontos de vista. Os momentos lúdicos ainda possibilitam a discussão, negociação e o exercício de habilidades para solucionar os desafios propostos pelos jogos, produzindo conquistas cognitivas e sociais. É importante proporcionar às crianças diferentes formas de exploração individual e coletiva, livres ou dirigidas, em diferentes espaços físicos, com regras próprias ou criadas pelo grupo.
O lúdico é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e de extrema importância para a criança. Do ponto de vista do desenvolvimento infantil, a ludicidade traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas, ajudando as crianças no seu desenvolvimento (SANTOS, 1997).
O lúdico, portanto, é um grande laboratório que merece atenção dos pais e dos professores, pois é através dele que ocorrem experiências inteligentes e reflexivas, praticadas com emoção, prazer e seriedade.
Também é necessário, nesse universo da Educação Infantil, o estabelecimento de regras de convivência entre professores, crianças, família, pressupõe a construção de princípios que irão nortear as relações na escola e fora dela. O conceito de “limite” não apenas restritivo, mas em três dimensões, como esclarece Yves de La Taille (2006).
Os jogos e brincadeiras em grupos possibilitam a construção e o respeito às regras, bem como a coordenação de diferentes pontos de vista, discussão, negociação e habilidades quanto aos desafios propostos pelos jogos, produzindo conquistas cognitivas e sociais. Nas atividades lúdicas e interativas, é possível proporcionar às crianças diferentes formas de exploração individual e coletiva, em diferentes espaços físicos, livres ou dirigidos, com regras próprias ou criadas pelo grupo.
La Taille (2002) se refere à moral como “conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas”, logo, a pergunta moral é como devo agir?, indicando um sentimento de obrigatoriedade. Piaget, por sua vez, explica que “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras” (1994, p.23).
Para La Taille, há três níveis de moralidade, que vão do concreto ao abstrato: regras, princípios e valores. Os valores são de onde derivam os princípios, dos princípios originam-se as regras. As regras são os deveres, as normas a serem cumpridas. A regra diz o que deve ser feito. O caminho que a criança percorre começa com o contato com as regras, ela precisa e gosta das regras de convivência, pois é uma forma de estar em contato com a sociedade. À medida que ela desenvolve sua moral, abstrai da regra o princípio que a gera; neste momento, só a regra em si não basta para que a criança a cumpra. Seguindo este caminho, ela chegará ao valor moral, quando o respeito mútuo passa a ser o alicerce de suas relações.

Referências:
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. 3v.
PPP- Educação Infantil SESI- 2013
CURRICULO CONSTRUTIVISTA NA EDUCACAO INFANTIL, O - BETTY ZAN/CAROLYN HILDEBRANDT/CHRISTINA SALES/REBE.
HORN, Maria da Graça de Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a construção do espaço na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
LA TAILLE, Yves de. Limites: três dimensões educacionais. São Paulo: Ática, 2006.
LA TAILLE, Yves de. A imposição moral e ética: entrevista concedida a Diogo Dreyer. 2002. Disponível em: http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0091.asp Acesso em: 13 mar. 2012.
PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. Petrópolis: Vozes, 1997.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.


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