A Maquinaria Escolar
Após a leitura é possível constatar que a criança era tida como uma espécie de instrumento de manipulação ideológica dos adultos e, a partir do momento em que elas apresentavam independência física, eram logo inseridas no mundo adulto. A criança não passava pelos estágios da infância estabelecidos pela sociedade atual. Outro fator importante era que a socialização das crianças durante a Idade Média não era controlada pela família, e a educação era garantida pela aprendizagem através de tarefas realizadas juntamente com os adultos. Sob forte influência da igreja. A igreja elaborava programas educativos a fim de doutrinar jovens dentro de um contexto missionário. a infância começa a configura-se a partir do século XIV.
A compreensão a respeito da infância, é algo muito recente na história da humanidade, tendo sido influenciada determinantemente por questões moralistas e cristãs, conforme apontam os estudos de Varella e Alvarez-Uria, transcritos no texto “A Maquinaria Escolar," escrito em 1992.
De acordo com Áries, as crianças eram vistas nos séculos XIV, XV e XVI como um adulto em miniatura, sem emoções ou razões que justificassem sua existência. Eram inseridas na sociedade de qualquer forma, sem levar em consideração as poucas possibilidades que sua estrutura física e mental tinha para determinadas tarefas, ou seja, a criança vivia misturada ao mundo adulto de tal maneira que não havia diferença quanto a forma de vestir, jogos, atividades, aprendizagens e até mesmo, em relação ao mundo do trabalho.
Mais tarde aparecem as fases do desenvolvimento humano principalmente a infância e suas características começam a ser compreendidas. Na visão do historiador isto foi um grande avanço. Nota-se que existia uma enorme diferença de tratamento entre infância de pobres e ricos.
Entendemos que após esse longo período de “não existência da infância” percebe-se a necessidade de uma nova postura para com estes novos membros da sociedade, do séc XVI ao XVIII, a partir das novas famílias que surgiam, viu-se a necessidade de ver com outros olhos essas crianças de forma que ao separá-los, isolá-los, dos adultos ficava mais fácil, educar com propósito que desejassem.
Assim separavam também as classes sociais, os mais pobres seriam educados a fazer bem o que lhes era solicitado e obedecer sem questionar, sempre poderiam ser manipulados e os filhos ricos seriam educados diferentemente para futuramente poderem fazer parte de uma elite, de um grupo de governo, de liderança. Criou-se a escola, para ser um ambiente que se ocupava em reter essas crianças e adolescentes e lhes ensinar o que era preciso aos olhos dos governos.
Mesmo diante dessas mudanças, até a entrada do séc. XIX as crianças pobres ainda tinham muito de igual aos adultos, ainda eram cobradas e ajudavam no trabalho e se vestiam como adulto.
No séc. XIX que surge com mais força essa concepção de bebê, aquele ser plenamente dependente da família. Segundo Ariès o sentimento entre a família para com as suas crianças, seus bebês só aparece no início do séc. XIX.
Caminhamos bastante desde a Idade Média até os dias de hoje. A criança saiu do anonimato e tornou-se centro da vida das famílias. Ocorreram muitas mudanças dramáticas, mas o principal é os pais conseguirem encontrar um equilíbrio entre as diversas tarefas profissionais e domésticas, mas jamais se esquecer da responsabilidade de se criar e educar seu filho. Com tudo que aprendemos, fica aqui um alerta: os professores podem auxiliar os pais a perceberem que o mais importante é a criança saber que é amada. E importante na vida de seus pais é que nada substitui os momentos no qual passam juntos.
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