segunda-feira, 25 de maio de 2015

A Arte de Ser Feliz



HOUVE um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.

HOUVE um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.

HOUVE um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

HOUVE um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
MAS, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

quinta-feira, 14 de maio de 2015



1- O que são métodos globalizados para organização do conhecimento na escola?
O ensino-aprendizagem não limita-se ao ensino de  conteúdo, deve ser compreendido como um conjunto de informações organizadas, incluída a área do conhecimento.
Os conteúdos podem ser inter-relacionados, interdisciplinares, transdisciplinares e abranger capacidades afetivas, motoras, cognitivas, culturais, sociais e morais.

          O método globalizado da educação permite que o aluno possua perspectiva integrada, favorecendo a organização de atividades e conteúdos de ensino priorizando o ensino-aprendizagem.
Os conteúdos não podem ser dividido e afastado da realidade do aluno, pois precisa ser absorvido por eles de maneira que torne-se instrumento para união de aprendizagem com observação, experiências, interação e prática.    Despertando interesse de consciência coletiva e cooperação adequando novos paradigmas que estão próximos ao nosso cotidiano.
Contribui para ampliar o auto-conhecimento sobre os conteúdos de aprendizagem incluindo a educação continuada e factual.

A atuação pedagógica com um enfoque globalizador parte do pressuposto que os conteúdos de aprendizagem são “sempre meios para conhecer ou responder a questões que uma realidade experiência dos alunos proporciona: realidade que é sempre global e complexa” (ZABALA, 2002, p.28).

2           2-    A sua escola prática um desses métodos? Explique, dê exemplos

    O texto me induziu a fazer a releitura do PPP da escola onde realizo voluntariado, a pesar de estar em construção e possuir 23 páginas em nenhum momento encontrei as palavras como: interdisciplinar, multidisciplinar, transdisciplinar.

    Mesmo participando de projeto do estado com práticas inovadoras como pesquisas, projeto de aprendizagem, intercâmbio cultural, uso de diferentes ferramentas, interação da escola e trabalho em equipe. O projeto pedagógico tem por objetivo a modernização tecnológica, porém a organização curricular é divida em disciplinas e períodos trabalhando apenas quatro horas semanal com conteúdos integrado conforme PPP.

terça-feira, 12 de maio de 2015


Desafios de uma escola moderna num tempo pós-moderno


 O filme “Quanto vale ou é por quilo[1]” (direção de Sérgio Luiz Bianchi)  traz, dentre suas abordagens, a noção de que as relações de desigualdades sociais, na atualidade, possuem raízes históricas, cujas práticas eram semelhantes às de hoje, porém com uma “roupagem” moderna.
Isso mostra algumas nuances sobre a estruturação do nosso social muito bem naturalizadas: 1) a sociedade brasileira nunca se desvinculou dos interesses de “lucrar” sobre os mais pobres; 2) não se pratica uma solidariedade desinteressada, mas, o que se pratica é uma espécie de solidariedade individualista; e 3) nossa sociedade não dá espaço para que as camadas menos favorecidas socialmente consigam se estabelecer concretamente em outros patamares sociais. Tais nuances podem ser exemplificadas pelas relações de trabalho presentes no filme – trazendo como referência a cena do “casamento” -, quando um empréstimo concedido para subsidiar a festa repercute um valor bem mais alto: a demanda de um trabalho que acaba sendo executado por uma menina negra, (provavelmente) órfã, que é “alugada” em troca do pagamento da dívida, apesar de não ter nenhuma participação no empréstimo. Como popularmente se costuma dizer, “a corda sempre arrebenta do lado mais fraco”.
As aproximações realizadas ao longo do longa ocorrem entre os senhores de escravos e as grandes empresas, versusescravos e trabalhadores de baixa renda. Isso pode ser exemplificado pela relação estabelecida entre o personagem Marco Aurélio e sua empregada, uma senhora pobre, iletrada, com limitações físicas. Essa senhora, por ser analfabeta, acaba por ser explorada por seu patrão, usada como “laranja” nas tramas de desvios de verbas públicas.
O uso desenfreado do dinheiro da máquina pública associado ao mau uso por parte de empresários corruptos sob o pseudônimo da caridade têm efeitos surpreendentes na sociedade, seja no confronto da escravatura, onde “capitães do mato” tinham a missão de capturar escravos e com isso trabalhavam a favor do governo e pela ordem da sociedade dominante da época, seja  em festas atuais patrocinadas por socialites que lavam dinheiro de empresas fantasmas colocando computadores superfaturados em favelas, sem qualquer preparo e estrutura socioeducativa.
 As mortes decorrentes da violência são só a ponta do iceberg de um sistema cheio de tentáculos e difícil de captar já que a parte dominante sempre estabelece a sua permanência e status quo de posição superior. O oportunismo desenfreado, e a alusão à sociedade de consumo, onde se mata por um telefone, etc e  ( no caso do filme) por uma “tintura de cabelo”, realça o contraste da falta de igualdade e oportunidade justa para todos. No filme, poucos são inocentes já que mesmo o mais puro dos sujeitos acaba por se corromper diante da oferta fácil de dinheiro, inquestionável quanto à sua procedência.Em suma, o que se pode inferir é que em “Quanto vale ou é por quilo?”, vence o mais forte, e aqueles que se recusam a “aceitar” tal sistema, são perseguidos e castigados, da mesma forma que acontecia no período escravista, na relação capitão-do-mato e escravo fugitivo.
            Ao olharmos para a sociedade sob o ponto de vista do filme, e para escola, como a concebemos atualmente, vemos que essa reflete a mesma relação de poder que aparece no longa. Tais relações de poder que permeiam a escola também têm origens históricas, e obviamente, não são neutras. A escola de hoje está alicerçada nos ideais de outro tempo que não está tão longe de nós assim: os ideais da Modernidade. Esses ideais foram postos em prática a partir das concepções de sociedade que entraram em voga no “século das luzes”, de desde então, cabe à escola o papel de formar as novas gerações para uma nova sociedade. Porém, essas “novas” gerações continuam vivendo à margem dessa “nova” sociedade, quando se considera, por exemplo, os preceitos de igualdade e de liberdade tão apreciados pelos iluministas. Não somos iguais, as relações socias não são iguais, sequer somos livres...
            Para Georgen (apud MISSIO; CUNHA, ___), a Modernidade pode ser caracterizada como uma sobreposição da razão [em especial, da científica] à naturalidade humana. (GEORGEN, 2001, p. 12-13). Para “ajudar” a humanidade nesse processo de tornar-se moderna, a escola surge como um dos elementos capazes de contribuir para a formação dessa nova mentalidade, pois era nela e por intermédio dela que o saber científico era popularizado, ao menos até o surgimento e a expansão das diferentes mídias, no século XX. Desse modo, a partir de Bauman (2001), podemos ver que essa forma de Modernidade poderia ser comparada a uma espécie de sólido, referindo-se à forma como as sociedades foram moldadas, sendo necessário que esse “sólido” seja derretido, para que a Modernidade possa ganhar novos sentidos.
            Olhando, a partir de tal perspectiva, para os comparativos entre escravidão e ações sociais do filme “Quanto vale ou é por quilo?”, percebemos aquilo que Bauman (2001) denominou como sólido: o que mudaram foram as aparências, as tecnologias e as práticas; porém, a “essência[2]” de certas práticas continua fundamentada em princípios de escravidão, de exploração e de segregação.
            Outro aspecto importante a ser destacado é o modo como se constituem as relações sociais nesse contexto a que podemos chamar de “pós-moderno”: nossa sociedade tem vivido intensas modificações políticas, sociais e econômicas, o que desloca um eixo importante nos modos de se compreender: passa-se a olhar pra si, ao invés de se considerar os outros. Dessa forma, o controle das nossas ações não é mais externo (governo, polícia, o próximo), mas somos nós mesmos (o medo de perdermos o emprego, o receio de sairmos e sermos assaltados, o pensar nas consequências de nossas ações)... trazendo do contexto do filme, reflete as lutas travadas por igualdade social, no exemplo da personagem que buscava melhores condições para sua comunidade, que reflete tensões de todos os lados da sociedade brasileira. Porém, alguns pilares – como o do poder na mão dos economicamente mais abastados – se mantém e não possibilita novos jeitos de incluir socialmente.
            A escola, por sua vez, pode ser considerada por muitos uma instituição defasada, mas ainda ela é uma das principais mantenedoras da Modernidade, seja sólida ou líquida. A escola ainda divulga a ciência e o saber como as “fontes” da salvação humana, como as formas de alcançar a felicidade. Essa escola internaliza a Modernidade em nós, e a faz isso tão bem que nos passa a ideia de que sermos modernos é uma essência. Tornar líquida essa essência é o desafio não só da escola, mas da humanidade pois enquanto a escola não se reinventar, a sociedade não se reinventará.
            Os autores dão pistas, ao longo do texto, sobre como a instituição escolar constrói e mantém essa Modernidade:
Com o entendimento da escola como uma construção da Modernidade, que impõem um único modelo da Cultura, privilegiando uma forma particular de civilização, com um indivíduo emancipado, porém conformado com as imposições do Estado Percebemos que as instituições educativas realizam um trabalho o qual visa o controle, tornar dócil a consciência, isto é, almejam um indivíduo normalizado. (MISSIO; CUNHA, ___)
            A escola é, então, o lugar da norma. A grande “fábrica” de seres modernos.  A escola moderna acomoda os sujeitos numa cultura “letrada”, mesmo que o faça isso à força, e sob as mais variadas formas de violência mental. “A Escola Contemporânea funciona [...] transmitindo informações, que são prontas e moldadas, o que não incentiva a criação e a reflexão sobre a realidade.” (MISSIO; CUNHA, ___).
            Por pós-moderno, entendo o conjunto de movimentos que busca desconstruir as noções herdadas pela Modernidade, desde os modelos “prontos” até às formas de julgamento modernas (que sempre estão vinculadas a noções binárias: bom em oposição a mau; pode em oposição a não pode...), e aí está um dos motivos pelos quais a escola, hoje, está em processo de defasagem: a mantenedora da Modernidade compete com a posição pós-moderna que a sociedade vem, aos poucos, produzindo. Embora algumas essências modernas ainda prevaleçam – e não estou querendo afirmar com isso que tais posições sejam boas ou não –, gradativamente, as formas de compreender o mundo e a realidade vão sendo deslocadas. O que o texto dos autores também aponta é para o fato de que a crise da escola se dá pelo motivo de ela ainda ser moderna numa sociedade de fortes tendências pós-modernas. É isso que gera o grande conflito na instituição escola: o “serviço” a que ela tem se prestado – o de transmitir o conhecimento científico – hoje não é autonomia da escola.
            Concluindo, escola perdeu o domínio da informação, e precisará se reinventar como orientadora, mediadora de informações; terá que admitir que não há apenas uma Cultura (com c maiúsculo), e uma forma de ver a realidade; terá que contribuir para o agora, além do amanhã. Essa é a nova exigência da escola pós-moderna: reinventar-se para formar não as futuras, mas as presentes gerações.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

OU ISTO OU AQUILO



Fazer escolhas nem sempre é fácil. O poema da Cecília Meireles,Ou Isto ou Aquilo, apresenta, com leveza,  aspectos de um  processo de escolha tão óbvios  quanto difíceis de serem assumidos, por adultos, jovens e crianças. 

Em situações de aprendizagem em que “fazer opções” está de alguma forma presente no tema de estudo, tem sido bastante interessante estimular uma dinâmica através deste poema para lembrar que, seja o que for, é preciso optar por isto, ou aquilo e, simultaneamente, excluir ou isto, ou aquilo.


Ou Isto ou Aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.


Meireles, C. Ou Isto ou Aquilo. In: Poesia Completa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001, p. 1483





domingo, 10 de maio de 2015



Análise PPP / E.E.E.F Tomé de Souza



             As finalidades da Escola, previstas no regimento contemplam a compreensão dos direitos e deveres do ser humano como cidadão perante o Estado, a família e a comunidade, salientando o respeito à dignidade e as liberdades fundamentais da unidade nacional e solidariedade internacional; o desenvolvimento integral da personalidade humana e sua participação na obra do bem comum; a preparação do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio; a preservação e expansão do patrimônio cultural e a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como quaisquer preconceitos de classe ou raça.
         Essas finalidades expressam o desejo de formar o cidadão para o mundo na convivência social e profissional, também se preocupa com a sua formação como indivíduo possuidor de sentimentos, cultura e valores pessoais. É justamente este significado e essa valorização do sujeito que a escola tenta recuperar através de seus novos projetos de intenções, resgatando a finalidade humana da escola, interligando o sujeito ao meio.